Hoje e sempre
Esta Casa precisa de arrumações, mudanças e actualizações, mas o tempo está escasso e a paciência, essa, é inexistente.
Mas o dia de hoje (prestes a ser o de ontem) obriga-me a escrever aqui qualquer coisa.
Acredito que se comemora hoje o que de mais parecido temos com uma re-fundação do País. Não acho que foi tudo um mar de rosas (ou cravos), nem tão pouco que possamos falar de uma revolução sem sangue. Ao sangue que até então tinha sido derramado naquela guerra que não apresentava quaisquer vencedores nos tempos mais próximos, há que juntar o sangue suor e lágrimas (um pouco de populismo só fica bem em qualquer texto que refira a revolução) daqueles que tudo perderam: daqueles que vieram para Portugal sem nada, e daqueles que de cá tiveram de fugir quando os seus negócios e terrenos foram nacionalizados.
Não acho, também, que o caminho pelo qual o País foi depois levado tenha sido o mais indicado. Acima de tudo, acho que houve uma grande parte da geração que me antecedeu que falhou em cumprir aquilo a que se tinha proposto. Os amanhãs não cantaram, e isso vê-se nos dias de hoje.
As coisas não estão bem, e poucos acreditam no dia de amanhã. Porém, estamos melhor, muito melhor, do que estávamos a 23 de Abril. Hoje somos todos democraticamente iguais, filhos da mesma Nação (uma das ideias que se foi, subtilmente, eliminando), e cada um tem os direitos que lhe compete. Três conquistas que fazem do dia de hoje, um dia de comemoração (com cravo, sr. Presidente, sempre com cravo, porque o povo gosta é de símbolos).
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