Interacções
Há coisas que devemos fazer com alguma frequência. Uma deles é tentar uma aproximação com a plebe. Hoje foi o meu dia. Saíu-me na sorte, podemos dizer. Eu, um membro da burguesia (pode até ser baixa burguesia, mas burguesia), vi-me interagir com aquele tipo de pessoas com quem habitualmente não troco palavra. Aquelas pessoas que, num dia de chuva intensa, enquanto estamos parados na fila do multibanco, se aproximam e dizem : "Já viu como chove?!" Pois já tinha visto já...
O meu FU estava com fome, coitado, por isso lá fui abastecê-lo. Depois de cheia a barriguinha do excelentíssimo, lá fui eu deixar na caixa parte do ordenado de quem me sustenta. Ou pensava eu que o ía fazer. Faltou a luz. Pura e simplesmente, esta cidade de sonho e de futuro ficou completamente às escuras. Durante uma agradável conversa com a senhora da bomba, tentando explicar-lhe que não, não ía virar costas e nunca mais voltar, e que morava relativamente perto e que, coincidência das coincidências, ela até conhecia o meu pai e toda a frota de carros aqui da Casa, tive o prazer de me ver forçado a interagir com o cidadão mais característico desta minha urbe. Aquele que toda a gente diz que é maluco porque é bastante inteligente, e um qualquer novo amigo. Depois de alguma altercação entre mim e a simpática senhora, o simpático amigo lembrou-se de perguntar : "Então não há luz?! Não me diga que não há luz, porque eu começo a ficar nervoso..." Isto enquanto o outro (o maluco mas que é inteligente) declamava uma qualquer ode à anarquia... E ali ficávamos os quatro repetindo coisas como : "faltou a luz, já viu?" "como é que eu sei que você nunca mais cá mete os pés?" "'tou a ficar nervoso" "VIVA A ANARQUIA!VIVA!!"
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